Ola Jockitas.
Não adianta nada pedir desculpa ou dar justificações por nunca mais cá ter vindo. Vou tentar compensar hoje.
Vamos começar pelo balanço do ano passado... Não consigo dizer se foi positivo ou negativo. Senti um alivio enorme quando contei aos meus pais o que se passava comigo. Em parte, continuo a senti-lo. Mas a outra parte corresponde a um novo tipo de pressão. Estão sempre de olho em mim. Mas com isso já eu estava a contar. Compreendo a preocupação deles. Mas sinto-me muito pressionada em fazer tudo o que está no meu calendário. E sinceramente é tanta pressão, que fico com medo de estar preocupada demais e não consiguir fazer nada. Vou para os exames a pensar «tenho que fazer isto, tenho que fazer isto» e estou sempre a pensar na desilusão que dei a minha mãe. Não sei se vou conseguir... Tenho medo de não o conseguir. Até agora os exames estão a correr na normalidade. Consegui fazer uma cadeira por testes, foi menos um exame que tive que fazer, ainda por cima com boa nota para a cadeira que é. Chumbei a uma que já estava à espera, só fui por descargo de consciência, mas já ia a pensar na época de recurso; sinceramente não estou preocupada porque já tinha feito o meu calendário para isso. Não fui a outro por opção, mas não escondi nada, só que tive de deixá-lo para poder fazer o exame que vinha a seguir que até correu muito bem (já ia com 4 valores do teste, por isso estou confiante). Tenho outro exame na próxima segunda mas não estou a pensar em fazê-lo agora, vou-me dedicar desde já ao próximo que também é na próxima semana. Está a correr tudo como eu tinha previsto, mas tenho medo que nem isto seja suficiente para alegrar a minha mãe. Em parte, foi por isto que eu nunca mais cá vim. Apliquei-me e se venho para o pc, fico com a sensação que é tempo perdido e que podia estar a estudar. Vamos ver é se tanta aplicação dá em alguma coisa.
Ainda o ano passado, a morte do meu avô. Sinto a falta dele. Mas já estavamos preparados para isto há um ano. Ele foi operado e o médico disse que lhe dava um ano de vida. Morreu no dia em que fazia precisamente um ano que o médico disse aquilo. Já estava previsto que ia durar pouco tempo, só não pensámos que fosse do dia para a noite, como aconteceu. Nessa altura pensei que a família ficasse separada, não por causa da disputa de bens (acho que ainda nem começaram com isso), mas por que eram os meus avós que fomentavam os encontros em família, pelos anos, pelo Natal, pela Páscoa. De certo modo, foi o que acabou por acontecer. Não nos reunimos este ano. Mas posso dizer que não foi mau, apenas foi diferente. E o facto de andarmos de casa em casa a distribuir os presentes e a dar beijos e a dizer «que frio que está lá fora» cada vez que entramos em casa de alguém..., esse acaba por ser também o espírito natalício. A única coisa má é que a minha avó ainda não se conformou. E agora, Sónia, acho que não vais gostar de ler as próximas palavras. Chora cada vez mais e, eu sei que vai haver uma altura em que as lágrimas vão secar, mas ela está sempre, literalmente, a chorar. Começa a ser demais. Se nós dissermos para ela ter calma, revolta-se contra nós porque não a deixamos chorar a vontade. Mas é quase impossível não dizermos nada. Eu gosto muito dela, Sónia, não me interpretes mal, mas começa a ser demais e, até tu, quando ela for para tua casa, se estiveres em casa o tempo suficiente, te vais aperceber disso. Não é que eu não a compreenda. Quando o Nuno morreu, eu chorei todas as noites, durante dois meses. Todas as noites e só o conhecia há 2 anos e meio. Os avós viram-se todos os dias durante 60 anos, só se separavam quando um deles ia para o hospital. Por isso compreende-se. Não seria neste pouco tempo que ela ia superar a perda. Só que para além de chorar, revolta-se contra nós, que sempre lhe quisemos bem. Revolta-se porque os filhos sabiam o que o avô tinha mas não disseram nada a avó. Também é compreensível a revolta dela. Mas isso agora não muda nada. E se ela tivesse sabido, ele não iria morrer mais tarde. Diz que podia ter feito as coisas diferentes, não ter insistido para ele comer (ambas sabemos que não era isso que ia acontecer, ainda ia era obrigá-lo a comer mais se soubesse que ele estava mesmo doente). Tem respondido mal a muitos. O tio Fernando já cá não vem porque ela disse-lhe alguma coisa que o magoou muito (e o tio não merece, ainda chora quando falam no avô), tem respondido mal à minha mãe e à tia Nanda. O tio João também já ficou descontente com palavras dela. Até a tia Teresa já apanhou por tabela. E a tua mãe também já ouviu alguma coisa que a avó lhe disse que ela não gostou muito, eu sei. Sei também que é a revolta que está a falar, mas os que gostam dela estão todos a ser atingidos. Está a ser muito dura. E custa-me conhecer este lado dela agora, porque eu gosto muito dela. Mas fico triste quando vejo que as pessoas que mais gostaram do avô, tenham agora que passar por isto. Não te admires do que ouvires em tua casa, e se ela a ti não te disser nada também não estranhes. Ela pensa que só os filhos é que sabiam da doença e não os netos, por isso só está revoltada com eles, não connosco. Acho que temos de ter muita paciência nos próximos tempos. Lembro-me de no princípio eu dizer que ela estava a reagir muito bem. Era cedo demais. Agora tenho a certeza que a minha avó Céu reagiu muito melhor do que ela. Mas cada um é como é. Sónia, espero que não fiques chateada pelas minhas palavras. Tu gostas muito dela, mas eu também. Já agora, Parabéns.
Quanto à passagem de ano, foi em casa, com a família, cá de casa, apenas, claro. A minha avó veio cá para casa no dia 31. Nesse dia ela nem chorou muito, talvez porque não era uma coisa muito festejada por eles. Correu bem, sinceramente. Claro que todos os que lerem isto devem pensar que foi uma seca, mas os que me conhecem sabem que eu não costumo sair. Eu sou mais à base da família. A minha psicóloga diria que é porque eu me sinto segura com eles.
Por falar em psicóloga, ela acha que eu devia sair mais, para ganhar mais emoções. Quase que me obrigou a ir um jantar de Natal do pessoal que ficou mais unido desde a construção do carro da Queima. Eu fui, mas também fui cedo para casa. Já estou tão farta de Coimbra. Prefiro jantares caseiros, em que nos juntemos em casa de alguém e fazemos o nosso jantar em conjunto, é muito mais giro. Mas enfim, isso sou só eu, que sou uma anormal no meio desta sociedade. Embora me sinta bem comigo como eu sou, é preciso que se note.
O que é que eu posso dizer mais... Não sei o que se passa contigo, Joana. Foste-te abaixo. Neste último post estavas muito mal. Se fosse eu, dizias para levantar a cabeça, que tudo iria correr bem. É isso que eu te digo. Depois da tempestade, vem a bonança. Pareces perdida, mas isso é por que estás no meio de uma tempestade de areia no meio do deserto, quando a tempestade passar, vais ver que o teu caminho continua em frente e que esteve lá o tempo todo, só tiveste foi medo de avançar porque não vias nada, estavas cega e tinhas medo de tropeçar e cair. Segue em frente. Não tens trabalho hoje, hás-de tê-lo amanhã. Deve ser complicado estar na situação que estás, e deves estar a rogar me pragas por eu estar a ver as coisas de uma forma tão simples, mas é mesmo assim. Um dia destes o teu diploma vai valer alguma coisa. Não podes é deseperar. Eles não gostam de pessoas desesperadas. Como é que eu sei isso? Não sei, mas imagino. Se eu tivesse uma empresa, não ia querer ver desespero.
Depois é o lado afectivo, o que queres que te diga? Eu sou uma pessoa solitária. Há muito tempo que não tenho essa necessidade de amor. Não que o tenha (ao amor) mas sou apologista de ele aparecerá quando eu menos estiver à espera. Sou paciente. De modos que estou bem como estou agora. E estou muito feliz pelo Celso e pela Rita, que estão muito felizes. Também não o queria magoar, acabou por acontecer mas ele está muito melhor agora. Gosto muito deles e ainda bem que somos todos amigos. Mas não sou do tipo de querer a força toda um namorado, e também para isto, não deves estar desesperada, se bem que desespero deve ser uma palavra forte demais. Acho que não deves pensar muito nisso. Volta ao que fazias antes do Nuno (que eu não percebi o que se passou, apanhaste-me de surpresa). Nessa altura, pelo menos dizias que andavas feliz. Saias e organizavas jantares ao ponto de não pensares (tanto) no Paulo. Volta a fazer o mesmo, o teu amor há de aparecer. eu sei que é conversa de chacha mas é o que uma solitária te pode dizer.
Bem acho que este post já vai comprido, vou ficar por aqui. Volto a dar notícias quando tiver maior oportunidade. Os meus exames só acabam dia 16 de Fevereiro. Se eu não falar até lá, por favor, compreende-me.
Beijos Katie
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