quarta-feira, agosto 06, 2008

É Melhor Ser Optimista

Eu bem que vos digo que a minha filosofia de vida passa por ser optimista. E agora os cientistas comprovam-no. Vou começar por vos contar a história do nosso amigo Robert Lucas. Aposto que o meu pessoal da FEUC se lembra dele (boas ou más recordações, hã, pessoal?). Enfim, o Roberto, o Sr. Lucas, ganhou o Prémio Nobel da Economia em 1995. No início, a notícia deve tê-lo enchido de alegria, mas um facto veio estragar tudo e mostrar que o pessimismo não é uma boa táctica. O Roberto, aquele homem que nos alegra lá com as suas teorias e números maravilhosos, que nos deixam excitadíssimos, não é?, tinha-se divorciado da mulher há sete anos (mas porquê, perguntam vocês, pois se calhar eram letras gregas a mais para ela). Enfim... No acordo a que chegaram, havia uma cláusula que o obrigava a partilhar com ela metade do prémio, se o conquistasse. Acontece que ele foi atribuido ao Roberto 19 dias antes de o acordo caducar, e o economista teve de dar metade do dinheiro à ex-mulher. Quando lhe perguntaram por que motivo aceitara aquela cláusula, respondeu: "Nunca pensei ganhar o Nobel. A única pessoa que achava isso possível era a minha mulher." Ah, perdão, ex-mulher.
Os estudos sobre o funcionamento da mente chegam a uma conclusão paradoxal: os pessimistas estão mais perto da verdade mas os optimistas são mais felizes (eu sei, eu vivo uma ilusão, mas sou feliz). Na psicoterapia, fala-se em "realismo depressivo": quando estamos deprimidos, parece que temos maior consciência da realidade e calculamos melhor as probabilidades de sofrer um acidente, de surgir um problema conjugal, de não passar num exame ou de perder o emprego, mas essa atitude é pouco eficaz, pois conhecer objectivamente as probabilidades desmotiva, o que aumenta as possibilidades de fracasso. Eu acho que o Roberto ficou deprimido lá com os números e além disso não calculou bem as probabilidades da mulher infeliz, e depois foi no que deu, sucesso no Nobel mas fracasso no prémio. Enfim... Continuando, os optimistas, pelo contrário, acreditam que há mais opções de êxito do que as que realmente existem, mas esse erro torna-se útil: como têm fé, continuam a tentar, o que aumenta as suas probabilidades de sucesso. Ah ah! Eu vou ter sucesso.
Dito de outra forma, parece que, para ser feliz, há que ter um pouco de loucura e pensar que o bem acontece com maior frequência do que se verifica na realidade. Ser racional e preciso não serve para nada, minha gente, se conduzir ao pessimismo. Que o diga o nosso Roberto: atribuíram-lhe o Nobel pelos seus estudos sobre as previsões racionais em economia (Deus abençoado!), mas foi precisamente a previsão racional de que não iria ganhar o prémio que o fez perder metade do dinheiro.
Pois é, eu gosto da minha teoria do optimisto. Sou uma feliz iludida.
Adaptado da Super Interessante, Ago 08

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